Polícia baiana mata mais que a carioca
Reportagens mostram o problema da segurança pública em estados nordestinos
Oi, tás bem? Setembro parecia sem fim, com mil demandas, mas acabou. Começamos outubro falando de um tema sério, a segurança pública nos estados do Nordeste. A gente sempre ouve falar da polícia violenta no Rio de Janeiro, destacada na cobertura da grande mídia. Mas a verdade é que a quantidade de mortes em intervenções da policiais na Bahia ultrapassou o Rio de Janeiro. Foram 1.464 pessoas mortas no último ano, cerca de quatro pessoas por dia.
Isso pode até ser novidade ainda pra quem tá fora da Bahia ou no Sudeste, já que os critérios de noticiabilidade da grande mídia são desiguais em relação ao Nordeste, como explicamos aqui - e em números na edição passada, num texto brilhante de Nayara Felizardo. Mas quem acompanha o jornalismo local na Bahia sabe que a crise de segurança nos estados do Nordeste não é novidade.
Quem apoia a Cajueira e assina nossas newsletters concorda que é cada vez mais importante fortalecer o jornalismo independente nos estados do Nordeste, porque o que afeta populações nordestinas interessa para todo o país. Nossa curadoria desta semana foca nas reportagens de veículos independentes da Bahia, Pernambuco e Ceará sobre os planos de segurança e a atuação das polícias militares estaduais.
Agora, sirva-se com os conteúdos da semana (e compreenda mais sobre a realidade da segurança no Brasil)!
Um cheiro!
Chacinas e balas incontáveis
A Revista Afirmativa mostrou que a população baiana, nos últimos anos, têm perdido a conta das “balas perdidas” e chacinas promovidas pela Polícia Militar. A equipe falou com especialistas e ativistas para explicar o que levou o estado aos recordes atuais, a responsabilidade do PT e em quais caminhos a longo prazo é preciso investir.
A Marco Zero Conteúdo, sediada em Recife (PE), foi até Salvador para mostrar o cotidiano da violência na cidade. Mais especificamente até o Alto das Pombas, bairro popular habitado majoritariamente por pessoas negras e que viveu momentos de terror durante dois dias seguidos, em setembro, culminando numa intensa troca de tiros, ações com reféns, mortes, toque de recolher e famílias deixando o local.
Promessas e atrasos na segurança
Em Pernambuco, a governadora Raquel Lyra não cumpriu o que prometeu e não apresentou à população o seu plano estadual de prevenção social e combate à violência e criminalidade. A data prevista era 28 de setembro.
A Marco Zero Conteúdo fez uma linha do tempo de outros prazos que já foram descumpridos pelo governo. Também está atrasada, por exemplo, a implementação das câmeras corporais na PM de Pernambuco, mesmo já havendo um contrato firmado por um ano, no valor de R$ 419,5 mil, com a empresa CHT Telecomunicações para o fornecimento de câmeras, baterias e armazenamento das imagens. Mas acoplar equipamentos nos uniformes é o bastante para reduzir violência policial? O relatório técnico do Instituto Sou da Paz, publicado pelo coletivo de jornalismo, diz que não.
Tortura nos presídios e vinganças
No Ceará, onde o governo também é do PT, como na Bahia, as denúncias de tortura nos presídios são antigas. O problema vem sendo ignorado pelo governador Elmano de Freitas, que antes de ser eleito se apresentava como defensor dos direitos humanos. O podcast As Cunhãs fiz um episódio especial para tratar dessa contradição e das novas denúncias que surgiram.
Em outro episódio especial, o podcast relembrou o que foi a chacina do Curió, que aconteceu em 2015, em Fortaleza. O julgamento de 44 policiais militares acusados de envolvimento no assassinato de 11 jovens, como retaliação à morte de um policial, começou em junho e está longe de acabar. Quem comandava o estado na época era o então governador, hoje ministro da educação, Camilo Santana. Até hoje, as mães esperam por justiça e por um pedido de desculpas do petista, que nunca reconheceu a gravidade dos crimes.
Em agosto, foram registrados 225 homicídios no Ceará. O Blog Escrivaninha explicou que os conflitos entre facções rivais e dissidências provocam uma espiral de crimes letais motivados pela vingança e contendas territoriais.
Castanhas
CajuZap 🎧
Na edição do CajuZap, que enviamos semana passada, falamos sobre a Chacina do Curió, no Ceará, e o que aconteceu com Alef e as outras 10 vítimas, em novembro de 2015. O áudio curtinho, que chega no celular de quem assina, tem a análise de Ricardo Moura, articulador da Rede de Observatórios da Segurança. Escute e compartilhe pelos grupos nossa mini curadoria em áudio pelo Whatsapp.
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