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O futuro é logo ali. E gente quer conversar sobre ele. Afinal, o que podemos esperar das prefeitas e prefeitos, vereadoras e vereadores que escolhemos para as nossas cidades? Certamente temos muitas expectativas, mas é a realidade que nos interessa. E o jornalismo independente tem um papel fundamental nisso.
Nas eleições municipais deste ano, veículos independentes nos estados do Nordeste fizeram diferença com uma cobertura crítica e plural. Vimos a relevância do jornalismo de proximidade para informar sobre realidades diversas e combater a desinformação.
Para esta primeira edição da nossa curadoria, escolhemos produções que destrincham os resultados das urnas nos nove estados do Nordeste. São conteúdos que debatem temas fundamentais como representatividade feminina, questões raciais, influência da religião e o poder de oligarquias familiares, a partir da perspectiva da região que é o segundo maior colégio eleitoral do país.
Ao longo das nossas edições você também vai colher castanhas, comentários e links deliciosos que ampliam o debate, com aquele gostinho de quero mais.
Sirva-se!
Equipe Cajueira
Representatividade importa
No Rio Grande do Norte, tivemos mais candidatas pretas e pardas nessas eleições. Mas, assim como no restante do país, candidaturas femininas ainda ficaram longe de representar proporcionalmente as mulheres do estado, segundo a agência Saiba Mais, de Natal.
As potiguares, aliás, têm um legado histórico na política nacional. O estado foi pioneiro no voto feminino. Celina Guimarães, de Mossoró, foi a primeira eleitora do Brasil. E Alzira Soriano, de Lajes, a primeira prefeita eleita do país, como lembrou o blog paraibano Moderna Parahyba.
Ainda falando de representatividade na política, um levantamento da Agência Tatu, de Maceió (AL), dá ideia dos desafios que temos pela frente. Dos 101 prefeitos eleitos em Alagoas este ano, apenas um é preto.
E na capital mais negra do país, Salvador, na Bahia, candidaturas negras tiveram desempenho abaixo do esperado. Uma coluna da baiana Revista Afirmativa ajuda a entender o esvaziamento do debate racial e os entremeios das eleições na cidade.
Castanhas
Boa notícia! Nessas eleições tivemos quatro vezes mais pessoas trans eleitas no país em comparação a 2016, segundo o Mídia Bixa, um jornal digital cearense focado no universo LGBTI+;
Recomendamos dois podcasts protagonizados por mulheres nordestinas para entender melhor a política. “As Cunhãs”, do Ceará, produziram uma série sobre a cobertura eleitoral. No Piauí, as Malamanhadas gravaram um episódio refletindo sobre os resultados das urnas;
Também da efervescente cena podcaster cearense vem o imperdível episódio do Budejo com o professor Durval Muniz, autor do livro “A invenção do Nordeste”, que é uma grande inspiração da Cajueira.
Rostos diferentes, sobrenomes conhecidos
Dinastias políticas continuaram dominando as urnas pelo Brasil. A falta de renovação nas câmaras municipais foi tema do Corre Diário, de Teresina (PI).
No Recife, os netos de Miguel Arraes, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), protagonizaram uma disputa eleitoral cheia de ataques violentos e denúncias de compras de votos. Para lembrar os capítulos da briga familiar - e ficar de olho na governança daqui pra frente, separamos um texto do coletivo pernambucano Marco Zero Conteúdo.
E, na batalha pelo voto evangélico, os candidatos recifenses - assim como postulantes de outros estados - se comprometeram com as comunidades terapêuticas, que acolhem dependentes químicos. A complexa rede de interesses políticos e religiosos por trás desses espaços é tema do premiado Especial Dependências, da Agência Retruco, do Recife (PE).
Castanhas
Práticas de compra de votos e a perpetuação de famílias no poder não são exclusividade dos estados do Nordeste. Antes de usar o rótulo do coronelismo, é importante lembrar de outros exemplos, como a vitória da família Covas, que ocupa cargos públicos há anos na maior capital do país, São Paulo.
Colaboração contra desinformação
“Sem Migué” é uma gíria que significa sem mentira. É também o nome de um projeto inovador, que realizou a primeira experiência de checagem de fatos colaborativa em São Luís, no Maranhão. A plataforma experimental contou com a participação de 25 verificadores voluntários e checou quase 50 notícias no período eleitoral.
Outras experiências colaborativas mobilizaram redações independentes dos estados do Nordeste durante as eleições, entre elas as checagens de fatos do Projeto Comprova e uma coalizão de veículos para apurar denúncias de violência.
E como redes de colaboração são a bola da vez no jornalismo, a gente conclui nosso giro pelos nove estados nordestinos em Sergipe, com uma rede de comunicadores e cidadãos que se dedica à cobertura ambiental. A Info São Francisco é uma plataforma de notícias, dados e uma cartografia interativa do rio São Francisco. Bom demais, né?
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