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Para começo de conversa, queremos falar mais sobre nossa proposta. Explicamos abaixo bem direitinho porque ela é importante. Aguardem a próxima edição com nossa seleção de conteúdos.
Sirva-se!
Equipe Cajueira
Manifesto Cajueira - A reinvenção do Nordeste
Os estados do Nordeste são quase sempre apresentados na mídia por imagens estereotipadas. A miséria, o chão rachado pela seca, os corpos abatidos pela fome são símbolos cristalizados no imaginário popular, por meio dos quais se tenta homogeneizar as realidades de um território diverso - temos o maior número de estados entre as regiões brasileiras e a segunda maior população do país.
Pesquise Nordeste no Google e verá. Predominantemente, você vai encontrar imagens de paisagens ressequidas ou de praias. Essa visão polarizada persiste, de muitas formas, no discurso da mídia hegemônica.
Somos vistos como os “rincões”, o “Brasil profundo”. Um território carente e atrasado, onde vive uma população inculta, porém resiliente, em luta pela sobrevivência. São essas percepções que políticos evocam quando usam o chapéu de couro, o traje do boiadeiro, esperando ganhar a simpatia dos mais de 40 milhões de eleitores nordestinos, o segundo maior colégio eleitoral do país.
Também somos o “lugar de férias”, uma imagem que alimenta a falácia do “nordestino preguiçoso” e que ignora a importância histórica, cultural e econômica dos estados da região.
Nada disso é por acaso, acredite. Insistir em retratar o Nordeste como um grande bloco uniforme, reduzindo-o à seca e à pobreza, ou a imagens exóticas, é uma invenção gestada nas disputas de poder das elites, como bem nos alerta o professor Durval Muniz Albuquerque Júnior [no seu livro A Invenção do Nordeste]. É uma ideia que serve para perpetuar domínios e reduzir a força da diversidade do território.
É essa lógica que queremos desconstruir – e REINVENTAR.
Cajueira brota na terra das newsletters como uma árvore para mostrar os "frutos suculentos" que nascem no Nordeste. Começamos como uma curadoria de conteúdos inspiradores, inovadores e plurais produzidos por grupos de jornalismo independente nos nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. É uma afirmação da diversidade da região.
Somos mulheres nordestinas, de estados diferentes, unidas aqui para difundir e conectar produções jornalísticas desse território tão fértil. E é por isso que nossa identidade deriva da palavra cajueiro, uma planta nativa da região, que é símbolo de fartura, diversidade e força.
POR QUE CAJUEIRA?
Cajueira é uma leitura feminina do cajueiro, uma árvore de folhagens e frutos coloridos que são cheios de usos e simbolismos. O crescimento ramado do cajueiro, em várias direções, une as copas das árvores nas plantações de caju, como se elas tivessem um tronco comum, transmitindo uma ideia de união e acolhimento numa grande sombra.
O caju e a castanha têm formatos, cores, aromas e sabores distintos. Uma boa metáfora sobre as iniciativas jornalísticas independentes que queremos apresentar neste boletim.
O QUE ESPERAR DA CAJUEIRA?
Na nossa Cajueira você vai colher diversidade. Plantaremos o que temos de melhor na sua caixa de e-mail, em edições quinzenais, para você conhecer o que está sendo feito por jornalistas dos nove estados do Nordeste.
A cena podcaster do Ceará; os coletivos jornalísticos de Pernambuco; os veículos de mídia negra na Bahia; os projetos independentes no Rio Grande do Norte; o jornalismo feminista em Alagoas; os sites de comunicação popular no Maranhão; as iniciativas pioneiras na Paraíba; as investigações jornalísticas em Sergipe; os checadores de fatos no Piauí. E muito mais!
Ah! Se quiser plantar aqui um veículo, coletivo e/ou jornalista independente dos nove estados do Nordeste, basta indicar no formulário.
Sou filho de cearense e potiguar. Nasci em São Paulo, mas morei no Ceará por 10 anos. Estou de volta à SP a mais de um ano. E digo, o atraso está aqui no sudeste. Muito evidente que o imaginário de atraso que o eixo sul-sudeste implementa se evidência na prática, e na realidade, aqui na " terra das oportunidades " , a " cidade que nunca dorme". Mas. Quem nunca dorme? Quem usufrui da cidade acordada? São questões que nunca são pautadas e vendem esse discurso romântico, entretanto, exploraratorio e classissista.
Nordeste é o centro e o futuro