Oi, como vai? Que bom te ter mais uma vez na Cajueira!
O ano de 2020 está acabando e, para muitos, isso pode soar como um alívio. Aliás, decidimos antecipar essa edição para você recebê-la quentinha antes do Natal. Afinal, não foi um ano fácil. Enfrentamos a maior crise sanitária do século, seus desdobramentos econômicos e sociais, tudo isso sem uma liderança nacional comprometida com a saúde da população.
Decisões tomadas por governadores e prefeitos passaram a ser ainda mais relevantes no combate à pandemia, e o jornalismo independente e local está sendo fundamental para fiscalizar essas ações.
Enquanto os rumos da vacinação do país são disputados no campo político, contamos novamente com os jornalistas e comunicadores para cobrar ações práticas e expor sequelas da inação dos governantes: aumento de mortes, precarização do trabalho, elevado desemprego e agravamento das desigualdades sociais. Tudo isso continuará a afetar as pessoas por muito tempo, principalmente os mais pobres. Também os próprios jornalistas. Afinal, 2020 foi um ano de demissões em massa e adoecimento de profissionais em boa parte das redações brasileiras.
A discussão sobre os rumos do jornalismo não pode deixar de passar pelo fortalecimento de iniciativas locais e colaborativas. São esses conteúdos que queremos trazer para vocês hoje, e é o que desejamos multiplicar no próximo ano.
Boas festas! Nos vemos em 2021.
Sirva-se!
Equipe Cajueira
A pandemia não acabou
"Segunda onda", "segundo pico", "repique”. O nome pode mudar, mas o aumento de casos de Covid-19 é um fato na maior parte das cidades brasileiras. E a pressão no sistema de saúde também. Em Alagoas, uma mãe quilombola aguardou por dois dias a regulação do Estado por um leito de UTI para sua filha, e teve de fazer um apelo nas redes sociais ao governador Renan Filho (MDB). O portal Repórter Nordeste reproduziu o vídeo dela, publicado originalmente pela Rede de Mulheres de Comunidades Tradicionais, um coletivo de mulheres quilombolas.
Para muitos, “ficar em casa” nunca foi uma opção. O Site Negrê, da Bahia, publicou um artigo sobre o direito à moradia e as ocupações durante a pandemia. O texto cita a tentativa da prefeitura de Natal, que, em plena pandemia, tentou despejar 30 famílias de moradias improvisadas no viaduto do baldo, sem oferecer alternativas de habitação.
Com a proximidade das festas de fim de ano, especialistas alertam para a possibilidade de aumento de casos. Pensando em minimizar os riscos para aqueles que, mesmo cientes das orientações das autoridades de saúde, resolverem encontrar algum familiar que não more na mesma casa, a equipe do Marco Zero Conteúdo, de Pernambuco, conversou com especialistas e preparou um guia de orientações.
Impactos imediatos, desafios futuros
Os impactos da Covid-19 se aprofundam pelas desigualdades de gênero, raça e classe no Brasil. Uma parceria colaborativa entre sete veículos de mídia independente do país deu origem à série "Um vírus e duas guerras", que vai monitorar, até o final de 2020, os casos de feminicídio e violência doméstica no período da pandemia. Da região Nordeste, estão participando a Marco Zero Conteúdo, de Pernambuco, e o portal Eco Nordeste, do Ceará.
Sem vínculo empregatício, nem direitos trabalhistas, entregadores de aplicativos de entrega são o grande símbolo da precarização do trabalho no Brasil de hoje. O programa Contrafluxo, do Rio Grande do Norte, entrevistou um dos líderes do movimento local de entregadores de apps, que lutam por condições dignas de trabalho.
Outro setor que sofreu com a pandemia foi o da cultura. O podcast pernambucano Embrazado fez um episódio especial sobre o impacto do Coronavírus na música periférica.
Castanhas
Você sabia que a mariscagem é uma atividade econômica importante em diversas cidades litorâneas do Nordeste e tem forte presença feminina? O Corre Diário, do Piauí, mostrou como as ‘mulheres das águas’ estão se organizando para enfrentar os desafios iniciados em 2019, com o derramamento de óleo nas praias da região, e intensificados em 2020 pela pandemia e pelo abandono do Poder Público.
Abrindo caminhos para o futuro
A inação e o discurso antivacina do presidente Jair Bolsonaro causou um rebuliço que deve se estender pelos próximos meses. É como diz o ditado: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Neste momento, alguns estados estão buscando soluções para imunizar suas populações e recuperar suas economias a despeito dos desmandos do governo federal. A Agência Saiba Mais, do Rio Grande do Norte, mostrou que alguns estados da região Nordeste estão aplicando os próprios planos de recuperação econômica que vão de encontro à agenda federal de cortes.
Independente de como se dará o plano de vacinação no ano que vem, uma coisa é certa: precisamos de ações coordenadas e bem estruturadas em todo o país para dar conta do recado. Essa crise mostrou a importância do SUS (Sistema Único de Saúde), fundamental no enfrentamento à Covid-19, que tem um modelo descentralizado de gestão envolvendo União, Estados e Municípios para garantir atendimentos de saúde gratuitos a qualquer cidadão. E é por isso que nos despedimos de vocês com essa mensagem para o futuro, muito bem repassada neste episódio do Budejo podcast, do Ceará: defenda o SUS e as vacinas.
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