Veículos do NE são pioneiros em projeto de jornalismo acessível 💡
O que acontece quando você mistura jornalismo independente e acessibilidade
E aí, meu povo, tudo nos conformes?
Por aqui, seguimos acompanhando o desenrolar da política nos quatro cantos do Nordeste. Inclusive, o negócio tá pegando fogo, viu? Segundo pesquisa divulgada pelo Ipec na última terça-feira, 6, Marília Arraes (Solidariedade) mantém a liderança em Pernambuco com 38%, na Bahia as pesquisas apontam que o PT deve perder o posto no governo do estado – o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) lidera o pódio, com 52,9% das intenções de votos. No Ceará, a disputa está acirrada, a última pesquisa sugere empate técnico entre os candidatos Capitão Wagner (União) e Roberto Cláudio (PDT). É rojão!
Mas, na edição de hoje, a gente deixa a curadoria de política só um pouquinho de lado, para te apresentar o trabalho em áudio que integra o Lume, projeto dedicado a fortalecer a acessibilidade de pessoas cegas e com baixa visão no jornalismo. O resultado da iniciativa foi lançado em agosto e você confere o material neste link. Tem manual de boas práticas para jornalistas, reportagens em formato de texto, teste de diagnóstico para checar se o site jornalístico possui acessibilidade e, claro, a série LumeCast, pautada por pessoas com essas deficiências.
Nós, da Cajueira, produzimos o terceiro episódio do podcast, mostrando os bastidores, os desafios da apuração e o que aprendemos ao longo da produção. Cata um spoiler desse episódio, que a gente fez questão de adaptar para os nossos leitores da news!
Um cheiro! Sirva-se!
Por uma comunicação realmente acessível
Você já parou pra pensar nos obstáculos que pessoas cegas e com baixa visão enfrentam para ler uma matéria na internet, acompanhar os conteúdos televisivos e ter acesso a um jornal impresso?
A protagonista do 3º episódio, Lucy Tertulina, é uma mulher cega e há 16 anos está na linha de frente da Associação Caruarense de Cegos, a Acace. Para ela, consumir notícias é tarefa complicada. “A gente tem que ficar mesmo com o jornal televisivo e o auditivo. Às vezes, até o televisivo peca, porque mostra muita imagem, e a gente se perde”, resumiu Lucy em entrevista ao LumeCast.
Essa falta de acessibilidade no jornalismo aparece de forma escancarada nos meios de comunicação. Durante o episódio, Lucy traz à tona diversas situações do cotidiano para ilustrar a imensidão do problema. Por exemplo, ao longo dos anos de pandemia da covid-19, pessoas cegas e com baixa visão ficaram impossibilitadas de acompanhar os gráficos que mediam o avanço do vírus no Brasil. O motivo? O formato não era acessível.
Nem é preciso pensar muito para tomar tento que, assim como Lucy, outras pessoas cegas e com baixa visão ficam dependentes de amigos e familiares para acompanhar conteúdos jornalísticos confiáveis. Essa exclusão esbarra em outra conhecida indesejada do jornalismo: a desinformação.
E não acaba por aí… Sabe aquelas reportagens multimídias com fotos, vídeos e áudios? Dificilmente essa população consegue visualizar esse tipo de material. Isso porque, os formatos audiovisuais não estão acessíveis. “Muitas vezes colocam uma música de fundo [no vídeo] com imagens. Só que a música não condiz com o que está passando lá. É completamente diferente”, critica a caruarense.
Para combater a falta de acessibilidade citada por Lucy, apresentamos maneiras de garantir os direitos desse público a um jornalismo de qualidade. Afinal, somente no Nordeste são mais de 2,1 milhões de pessoas com essas deficiências.
Regra número 1: é preciso partir do básico! Não adianta ter fotos e vídeos bem produzidos na matéria sem descrição. No episódio, elencamos dicas de como descrever uma imagem.
Bastidores
De quebra, ainda contamos os bastidores dos outros dois episódios do LumeCast. O abre alas da série é o episódio “Raça e Gênero além do que a vista alcança”, que traz o seguinte questionamento: “O que é ser negro ou negra ou pertencer a um ou a nenhum gênero para quem não enxerga?”. Ariel Sobral e Yara Neves, da Marco Zero Conteúdo, tentam responder essa pergunta através dos testemunhos de Ednilson Sacramento e Ana do Vale, pessoas que enfrentaram batalhas para conhecerem a si mesmas.
Autonomia da mulher cega: uma dura conquista é a pauta do segundo episódio. Malta Lee e Cecília dos Santos compartilham suas histórias de vida para evidenciar que não existe uma narrativa única no cotidiano de mulheres com essas deficiências. Narrado por Gessyka Costa e Wanessa Oliveira, do Olhos Jornalismo e Mídia Caeté, a edição levantou pontos importantes na discussão, como a superproteção das famílias, o capacitismo e a insegurança nas ruas.
Tá achando que não teve perrengue e erros possíveis na produção do podcast? Foram muitos deslizes que deixaram claro que há uma urgência em trazer debates com pautas de interesse dessa população, além da necessidade de inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no processo comunicativo. Não apenas como leitores ou leitoras, mas também como parte da construção do jornalismo, seja nas redações, ou nos espaços diversos da comunicação.
Escute e compartilhe o LumeCast
Baixe o aplicativo Lume na PlayStore
Quem somos
O Lume é uma plataforma que une comunicação e tecnologia para melhorar a acessibilidade de pessoas cegas e com baixa visão ao consumo de conteúdo jornalístico de qualidade. Foi desenvolvido com recursos do Google News Initiative (GNI) Innovation Challenge 2021 e nasce de uma parceria entre o Mestrado em Indústrias Criativas da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e uma rede formada por nove organizações de jornalismo independente do Nordeste do Brasil :
Este é um aplicativo curador de conteúdo. Todos os textos, fotos e vídeos publicados aqui foram publicados também em suas organizações de origem e estão, portanto, sujeitos à total responsabilidade destas organizações e seus representantes legais.
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