Sem essa de pauta regional
Edição n°11 | Da questão indígena aos oceanos, da política ao rap, o jornalismo independente nos estados do Nordeste trata do que é relevante no Brasil – é nacional e diverso
Oiii! Primeiramente, queremos saber: estais bem? E essa não é uma pergunta vazia, abra teu coração se quiser, estaremos aqui pra te ouvir ;) Eita que deu até saudade do tempo que a gente "mangava" dizendo – "Primeiramente, #ForaTemer". Ixe, não sabíamos de nada que estava por vir, né?!
Pensando nesses tempos amargos de hoje, iniciamos nossa 11° newsletter sugerindo que tu descole aí um suquinho de caju pra adoçar a vida enquanto fica sabendo do tanto de material relevante e diverso que veículos de jornalismo independentes do Nordeste estão produzindo.
Como sabes, a gente vinha fazendo edições temáticas, unindo coberturas sobre assuntos semelhantes nos estados, mas desta vez foi inevitável colher o que as iniciativas plantaram na terra do jornalismo de impacto. Pense numa curadoria que dá um prazer da gota de fazer, espero que tu saboreie também e que te faça acreditar no Brasil e nos jornalistas!
Não custa lembrar: apoie os veículos independentes. E não seja um sommelier de nordestino, #ficaadica.
Sirva-se – e, se for gostoso, manda um pix com recadinho que a gente bem que gosta. Toma a chave: cajueira.ne@gmail.com
Nossos mares
A gente começa logo com uma lapada: aproximadamente 40 toneladas de lixo foram levadas por correntes marítimas até as praias da Paraíba e outras 3,5 toneladas foram retiradas da orla do Rio Grande do Norte. A origem dos materiais era desconhecida. A repórter Rose Serafim escreveu sobre isso para a agência Eco Nordeste e Saiba Mais Jornalismo.
Não podemos esquecer do óleo que atingiu as praias do Nordeste há menos de dois anos, e agora esse lixo misterioso e perigoso. Para completar, a Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI do Óleo – criada em novembro de 2019 na Câmara dos Deputados – teve um desfecho à brasileira neste mês. Foi soterrada pela “boiada” por perda do prazo de renovação, como resultado de uma jogada da base governista com o “centrão”. A agência pernambucana Marco Zero mostrou como isso aconteceu, já que a imprensa tradicional não deu muita bola.
É urgente nos preocuparmos com nossas águas e oceanos. E também com as pessoas que sobrevivem dos mares. Muitas campanhas de doação estão sendo feitas neste período de crise sanitária no país e uma delas é voltada para as marisqueiras do Rio Grande do Norte. Elas tiveram o sustento afetado tanto pela pandemia quanto pelo desastre ambiental causado pelo derramamento de petróleo cru nas praias do Nordeste, em 2019. Com doações a partir de R$ 10, a campanha “Adote uma marisqueira” compra cestas básicas que serão levadas a mais de 20 famílias que não dispõem de renda fixa. A matéria com todas as informações está no portal Saiba Mais.
E tu quer uma série maravilhosa sobre biodiversidade costeira? O podcast Ecocast Nordeste falou sobre a baleia jubarte, o caranguejo-uçá, o peixe-boi marinho, a tartaruga marinha e o golfinho rotador. São cinco episódios que valem cada minuto, prepara a faxina com o fone de ouvido e só vai.
Abril indígena
É impossível falar de meio ambiente sem mencionar a questão indígena, ainda mais que abril é o mês dedicado a essa pauta. Separamos alguns conteúdos que iniciativas independentes nordestinas fizeram sobre esse assunto, que deveria permear sempre nossas discussões, o ano inteiro, a vida inteira. Mas as escolas colonizadas de jornalismo falharam e ainda falham nisso, né?
Dos Manguezais do litoral até a Caatinga, do Cerrado até a Mata dos Cocais, os Guajajaras, Gamelas, Tabajaras, Tapuios, Tremembés, Guengês, Kariris, Caboclos e Tacarijus já viviam no Piauí antes de o estado ter esse nome. O Corre Diário reuniu vídeos de lideranças indígenas que dedicam sua vida e seu tempo à construção de uma sociedade do Bem Viver.
AMídia Caete, de Alagoas, abordou o 'desaldeamento' como forma de aprofundar a retirada de direitos – entidades e lideranças em Alagoas descrevem como o Estado utiliza o não reconhecimento para se isentar quanto às políticas aos povos indígenas.
No dia 19, a memória como forma de resistência dos povos indígenas foi o tema da conversa com a professora Valéria Oliveira, formada em História e Doutora em Educação, no podcast Por trás da mídia.
Castanhas
Para os ouvidos:
Após discussões sobre xenofobia ganharem destaque nas redes sociais neste mês, o Budejo podcast convidou o jornalista Caio Braz, que apresenta o programa de entrevistas "Já Pensasse", para uma conversa sobre como trazer representatividade nordestina nos conteúdos, sem cair nas armadilhas dos estereótipos e simplificações da nossa cultura. Sempre é bom trazer uma diquinha dessa por aqui, né?
Para os olhos:
A jornalista e fotógrafa Ana Soares publicou um ensaio sobre árvores, acompanhado de um texto sensível sobre a vida e sobre os "futuros não realizados". Tá lá no site Bemdito, vai ver e sentir esse quentinho na alma!
Novidades
Descobrimos o Blog Escrivaninha, no Ceará, e uma matéria sobre como o isolamento social fez reduzir em 15% o número de pessoas desaparecidas no estado em 2020. Quando se observam os registros ao longo do ano é possível perceber que os números caem drasticamente em paralelo aos períodos nos quais o isolamento social foi mais rigoroso.
No Maranhão, o Buliçoso publicou o vídeo do novo single do rapper Marco Gabriel, de São Luís. "Não quero ser bandido igual uns cara aí do Rio, que paga de psica e arrega pra bolsominion". Esse é um trecho de "Garruncha de Sampaio". Nesse rap e nos outros que já gravou, ele fala sobre a identidade da juventude negra, assim como os problemas sociais vivenciados pela periferia atualmente.
De olho arregalado
Tem coisas que, muitas vezes, só o jornalismo independente vai te proporcionar saber, visse. A Repórter Nordeste mostrou que a Prefeitura de Maceió (AL) foi obrigada a bancar bolsas de estudos a procuradores municipais em especialização, mestrado e doutorado no Brasil ou no exterior. O pagamento inclui as despesas com matrículas, mensalidades, passagens e transporte, hospedagens e material didático. A medida também alcança os procuradores que estão de licença remunerada. Os procuradores ganham a bagatela de R$ 30 mil de salário. É mole?
Estamos de olho nestas decisões absurdas e também no pouco valor que determinados governos dão à educação como ferramenta de transformação social. Aproveitamos e indicamos aqui novamente a série "Efeito Desmonte" da Agência Retruco, em Pernambuco. O material especial vem sendo publicado desde o dia 22 de março e ajuda a entender os impactos na comunidade acadêmica da falta de investimentos nas universidades federais localizadas em cidades do interior do Nordeste.
Pra terminar, sobre o pix e você
A adesão ao lançamento do nosso pix na edição passada foi tão linda, ficamos emocionadas com os apoios e recadinhos enviados. Só gente maravilhosa seguindo essa Cajueira, obrigada!
Como explicamos, entendemos também que precisamos começar a tornar essa colheita sustentável para alcançar novas metas. Nossa curadoria continuará sendo gratuita, mas não precisa [e não deve] ser sempre voluntária. Qualquer valor já nos dá esperança para continuar nessa empreitada.
Também queremos conhecer mais cada um de vocês leitores. Se tu ainda não respondesse o nosso formulário, para de nos enrolar, visse, abre ele aqui. É rapidinho.
Agora, pronto, partiu… Um cheiro e se cuidem!