Nem tudo é derrota 💡
Se o noticiário no Brasil é só lapada, a gente te dá motivos para acreditar na mudança
Oiê, tudo bem contigo? Deu pra curtir um forrozinho no São João? 😀
As nordestiny’s child aqui se acabaram no rala-bucho e nos cumê da época. É bom demais lembrar das coisas boas deste país, como a cultura popular e as artes. Ainda mais quando o noticiário tá só lapada!
Vixe que as últimas semanas foram uma enxurrada de desgraças. Desde o trágico assassinato do indigenista pernambucano Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips até as muitas ameaças aos direitos reprodutivos das mulheres e a revitimização de sobreviventes de violências sexuais.
Dá até para entender porque 54% dos brasileiros evitam deliberadamente o noticiário. Mas, se está ruim com a imprensa, já pensasse como seria sem ela? Imagina se não houvesse bons jornalistas para denunciar injustiças e violações de direitos? Como seria viver sem informação sobre a corrupção e os abusos dos governantes?
Quando feito com ética e responsabilidade, o jornalismo é um agente de mudanças positivas para a sociedade. A gente pode ter esperança nesse poder transformador. Resistimos aos ataques contra a liberdade de imprensa e seguimos lutando nas trincheiras do combate à desinformação, fazendo investigações que trazem à tona as sem-vergonhices dos poderosos.
É por acreditar demais na importância do nosso ofício, que nós, da Cajueira, trazemos sempre conteúdos e informação de qualidade, com diversidade regional. E se tu bota fé nisso também, nos ajude a continuar e crescer apoiando nossa campanha de financiamento: Plantio. Ou faz uma doação pelo modo pix ligeiro no cajueira.ne@gmail.com
Nem tudo é desgraça. Então, bora para mais uma edição.
Um cheiro! Sirva-se!
Nossos inimigos estão no poder
Em junho, mês do Orgulho LGBTQIA+, a Agência Diadorim publicou um editorial afirmando que derrotar o bolsonarismo nestas eleições é questão existencial para LGBTIs. “Não haverá futuro para nós com Jair Messias Bolsonaro e seus apoiadores no poder. Não haverá liberdade nem diversidade com a reeleição deste homem. Portanto, não há acordo ou diálogo possível com quem nos quer ver eliminados ou de volta ao armário, vivendo uma invisibilidade aterrorizada”, afirma o texto.
Cadê o meu irmão?
O povo indígena Xukuru, da Serra Ororubá, no Agreste de Pernambuco, participou do velório do indigenista Bruno Pereira, na região metropolitana do Recife. Bruno, que era pernambucano, foi assassinado no Vale do Javari, no Amazonas, ao lado do jornalista britânico Dom Phillips. “Oh, meu irmão, oh, irmão meu. Cadê o meu irmão que não vem brincar mais eu?”, cantavam os Xukurus enquanto balançavam seus instrumentos de percussão, como mostrou a reportagem da Marco Zero Conteúdo.
A agência de jornalismo independente pernambucana também republicou neste mês uma matéria do Coletivo Acauã, localizado no Agreste do estado. O texto fala das mulheres do Quilombo Teixeira, na zona rural de Betânia, Sertão de Pernambuco, que acumulam cuidados com as lavouras e com a família quando os homens saem para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar.
Fome no Nordeste e no Brasil
Com base no Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, a Agência Tatu mostrou que 4 em cada 10 famílias do Nordeste convivem com as formas mais severas de insegurança alimentar. Isso representa 36,2% dos domicílios nordestinos. O número de pessoas na região com insegurança alimentar grave aumentou 118,7% em dois anos.
O podcast Zero 98 também destacou os dados nacionais. Há 33 milhões de brasileiros passando fome em 2022. O episódio trata ainda das pesquisas eleitorais e do cenário político no Maranhão.
Depois das chuvas
Seis meses após as enchentes na Bahia, quilombolas lidam com prejuízos econômicos que já somam mais de R$5 milhões em perdas nas lavouras, com animais e moradias nas comunidades espalhadas pelo estado. Em reportagem especial, o Olhos Jornalismo mostra o caos depois da tragédia.
Enchentes são desastres ambientais relacionadas às mudanças climáticas, que também impactam os oceanos. Uma pesquisa inédita revelou que a região de Abrolhos, no Sul da Bahia, que abriga a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, perdeu 28% dos recifes de corais. Nas estruturas mais próximas à costa, as perdas se aproximam dos 50%. Os dados foram mostrados pela Agência Eco Nordeste.
O impacto dos megaempreendimentos
O podcast Cirandeiras - que pauta mulheres e suas lutas - lançou a temporada "Oceanos" neste mês sobre os nossos mares e como megaempreendimentos insustentáveis ameaçam a vida nessas águas, mulheres pescadoras, ecossistema e comunidades inteiras no país. São três episódios que têm como fio condutor entrevistas com mulheres de Pernambuco, Ceará e Espírito Santo, que lutam pela preservação dos oceanos e de seus povos tradicionais, atingidos por petróleo e lama de minério.
Castanhas
A Agência Tatu lançou o TatuColab, um programa de criação de banco de dados de jornalistas freelancers de diferentes estados do país. Profissionais ou estudantes poderão se cadastrar para atuar como colaboradores e contarão com três faixas diferentes de remuneração, conforme o nível de exigência do conteúdo. Os valores pagos por cada produção variam de R$200 a R$1.100. Todos os detalhes e link para inscrição estão no site.
🎧 Já conhece o CajuZap? Para receber a mini curadoria da Cajueira em formato de áudio basta mandar um ‘oi’ pra gente no (11)98242.8751 😉
Podcasts para entender forças políticas do Brasil
Não dá para compreender política no Brasil atual sem tratar também de religião. O podcast cearense O Hebreu ajuda a entender algumas questões do cristianismo brasileiro. Eles produziram um episódio narrativo sobre a relação entre a igreja e a escola. A partir da Campanha da Fraternidade 2022, que propõe discutir o tema , o episódio traz vozes diversas para ampliar a visão.
Já o podcast de política As Cunhãs é uma ótima opção para acompanhar as movimentações eleitorais sem restringir o olhar a Brasília. A gente recomenda o episódio mais recente com revelações sobre Capitão Wagner, pré-candidato ao governo do Ceará pelo União Brasil. Ele foi uma das lideranças do motim promovido por policiais entre 2011 e 2012, quando era filiado ao Pros.
Gostasse dessa edição? Espalha por aí
Recebeu esse material de alguém? Assine nossa curadoria quinzenal de conteúdos do jornalismo independente nos estados do Nordeste.
Confira nossas edições anteriores.