Drags nordestinas servem representatividade na TV 💃🏻🌵
Entrevista com a drag baiana DesiRée Beck, do Caravana das Drags e com o diretor da série documental pernambucana Drag Ataque
Oiê, tudo massa?
Se tu adora programas de TV como RuPaul’s Drag Race, vai gostar do conteúdo que serviremos hoje. Se nunca ouvisse falar disso, nem saca nada de cultura drag, ‘shantay, you stay!’ Traduzindo, te aquieta aí e fica com a gente pra conhecer um mundo novo.
Antes, queremos lembrar que lançamos recentemente o Mapa Cajueira, uma ferramenta muito massa pra quem quer conhecer mais sobre o Nordeste. Na plataforma, tu podes descobrir veículos da mídia independente nordestina organizados por estado, tema e formato. Quer um podcast cearense? Lá tem. Conteúdos nordestinos com enfoque de gênero? Tem também.
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Agora, voltando para o universo drag. As drag queens estão pipocando no audiovisual brasileiro. São canais no Youtube, documentários, programas de TV com público cativo, e cada vez maior. As drags nordestinas têm demarcado espaço nessas produções e servido representatividade regional.
Olha o que disse, em entrevista à Cajueira, a drag queen baiana DesiRée Beck. Ela está no reality “Caravana das Drags”, apresentado por Xuxa Meneghel e exibido no streaming da Amazon Prime Video.
“As drags do eixo Sul e Sudeste, pela concentração das mídias lá, têm uma visibilidade grande. No Nordeste é muito difícil ter as mesmas oportunidades.”
DesiRée é de Irecê, no interior da Bahia. Ela começou a atuar como drag influenciada pelo programa de TV de RuPaul. Naquela época, conhecia o programa norte-americano, mas não tinha informações sobre a cena drag de Salvador. “Era uma cena muito forte, porém de apresentações presenciais, de palco. Não era divulgada pela mídia”, conta.
Ela diz que a cena drag de Salvador tem características particulares. “Cada estado traz a sua cultura. Em Salvador, é uma cena com muita consciência política. Referências das nossas cantoras, da nossa cultura, dos orixás. E tem também uma visão globalizada, mas com raízes na cultura baiana.” Apesar de atuar como drag há sete anos, na Bahia, DesiRée ganhou mais visibilidade na pandemia, quando apresentou o programa TNT Drag, no Youtube. “A internet foi meu maior palco. Foi quando públicos de outros estados me descobriram”, diz. Hoje, o canal dela (@DesiRéebeck) no Youtube tem hoje 14,5 mil inscritos. No Instagram, são mais de 18 mil seguidores.
“Faltam oportunidades para drags nordestinas, também para as do Norte, onde há cenas muito fortes, com linguagens próprias”, comenta. “É preciso ampliar as oportunidades”.
Expandir a representatividade regional nas produções sobre cultura drag é o que o pernambucano, roteirista e diretor de audiovisual Vinícius Gouveia tenta fazer com sua série documental Drag Ataque (@dragataque) A série terá 12 episódios, que já estão sendo gravados no Recife (PE), com apoio do Fundo Setorial do Audiovisual e do Funcultura, do Governo de Pernambuco.
“Temos 15 drags no elenco, onze delas nordestinas e duas do Norte, além de vários artistas LGBTQIA+ de todo o país”, antecipa Vinícius. Ele explica que a produção vai acompanhar o processo artístico das drags, fugindo do formato competitivo dos reality shows. “A gente quer dar visibilidade ao processo criativo, mostrar o grande conjunto de habilidades que as artistas drag queens precisam ter.”
Outro grande objetivo do programa é promover o trabalho de drags do Norte e do Nordeste. “São pessoas que estão na periferia dos centros de produção da mídia no Brasil, no Rio e em São Paulo, mas com trabalhos extremamente criativos e que habitam territórios muito ricos culturalmente”.
Ficou com vontade de assistir? A série Drag Ataque ainda não tem data de estreia, mas será exibida no canal Fashion TV, do grupo Box Brasil. Antes de terminar esta edição, a gente deixa outras duas dicas. A primeira é seguir a Agência de Notícias LGBTQIA+ Leia Diadorim, formada por jornalistas do Nordeste. Outra é ouvir o podcast Bisão Voador, de Fortaleza (CE), que usa o humor pra falar de vivências bissexuais.
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